O Voralpen Express sabe como fazer uma entrada triunfal, deslizando pela
paisagem pré-alpina da Suíça como um contador de histórias descontraído com
talento para o cenário. Não corre, não ruge nem tem pressa. Em vez disso,
avança calmamente, permitindo-lhe absorver colinas ondulantes, lagos
cintilantes e castelos que parecem ter saltado diretamente de um conto de fadas
para a sua janela.
Entre Luzern e St. Gallen, o percurso oferece mais delícias visuais do que uma
maratona da série Chef’s Table na Netflix, com colinas mais verdes do que o
guarda-roupa do Kermit e castelos saídos diretamente de um filme da Disney
(porque sejamos sinceros, a Suíça basicamente inventou os contos de fadas).
Este comboio não está interessado em bater recordes de velocidade. O seu
encanto está na revelação lenta. É o tipo de viagem em que repara na forma como
a luz do sol dança sobre um lago. Cada aldeia ao longo do caminho parece
inclinar-se e sussurrar: “Não há pressa aqui.”
Se espera ter um vislumbre da vida quotidiana suíça, está com sorte. O Voralpen
Express funciona como uma janela em movimento para uma perfeição pastoral. Ao
longo da viagem, verá vacas a pastar casualmente como se fossem donas do lugar.
E depois há os lagos—ah, os lagos. Alguns brilham de forma tão perfeita que
juraria que são feitos de vidro.
O Voralpen Express leva o seu tempo, e é exatamente isso que torna a viagem tão
gratificante. Vá e aproveite cada detalhe sem pressas.
Antes mesmo de embarcar no Voralpen Express, é uma excelente ideia aproveitar tudo o que Luzern tem para oferecer. Sendo a primeira paragem da rota, Luzern estende o tapete vermelho com todo o charme, cultura e calçadas de que possa precisar.
Comece a sua visita a Luzern atravessando a icónica Kapellbrücke. Esta maravilha em madeira do século XIV é o cenário de selfie por excelência da cidade. Atravesse-a devagar, absorva o romantismo e observe a Wasserturm que se ergue como o antigo porteiro da cidade.
O Verkehrshaus der Schweiz é outro destaque. Imagine locomotivas vintage, aviões e simuladores futuristas, tudo sob o mesmo teto. Este é um parque de diversões para os curiosos e para os que mantêm o espírito jovem, onde a história e a inovação se encontram.
Quer mimar-se (e muito bem)? Reserve uma noite no Mandarin Oriental Palace, Luzern. Este hotel reabriu recentemente após uma renovação de tirar o
fôlego. E o que o espera? Casas de banho em mármore, menus de almofadas e
varandas que praticamente o convidam a beber Champagne enquanto finge estar num
filme. Os tratamentos de spa são do tipo que fazem os seus músculos escreverem
bilhetes de agradecimento.
Pronto para um banquete? Dirija-se ao Old Swiss House, onde poderá deliciar-se com pratos como Wiener schnitzel crocante cortado à mesa (sim, com espetáculo incluído). A decoração aposta forte na nostalgia—e no melhor dos sentidos. E a carta de vinhos? É um brinde à excelência suíça.
Começará a notar as florestas a aproximarem-se e, antes que se aperceba,
estará a chegar a Arth-Goldau. Esta estação está abraçada pelas montanhas e é
sussurrada por caminhantes como “aquela com o jardim zoológico.”
Arth-Goldau é a discreta vencedora desta rota, contente por repousar
tranquilamente entre os lagos Zug e Lauerz. Mostra-se com acesso a picos
panorâmicos e a um parque natural que é meio safari, meio fantasia da Disney.
Falando nisso: o Natur- und Tierpark Goldau é o que tem de visitar aqui. Não é só para crianças com dedos pegajosos e olhos arregalados. Os adultos também se entusiasmam a alimentar cervos e a procurar linces que espreitam como se estivessem atrasados para um desfile na floresta. O parque é enorme, arborizado e lindamente ajardinado.
Mas se o apelo do topo da montanha for mais forte do que o desejo de conviver com marmotas, então o Rigi espera por si. Conhecido como a “Rainha das Montanhas” (sim, há realeza nestas colinas), é acessível a partir de Arth-Goldau através de um encantador comboio de cremalheira.
E de volta à vila, se sentir fome (e devia sentir, afinal está na
Suíça), vá até ao Grune Gans, um restaurante acolhedor onde brilham os
ingredientes locais e os pratos têm sabor a comida feita pela avó suíça que
ainda mexe o tacho lá atrás. Peça o rösti da estação ou carne de caça, se
estiver no menu, e acompanhe com um copo de vinho local—afinal, está de férias,
certo?
E antes de regressar à estação, a poucos minutos a pé encontrará o Hotel Rigi Kaltbad. Pense em detalhes em madeira quente, edredões brancos impecáveis e
janelas que se abrem para vistas dignas de postal dos Rossberg ou dos lagos
circundantes. Talvez seja melhor pernoitar antes de seguir para o seu próximo
destino.
À medida que o comboio contorna o extremo superior do Lago de Zurique, a
cidade ergue-se diante de si como um esboço em aquarela a ganhar vida. Verá
muralhas medievais, ruelas em calçada e um castelo empoleirado dramaticamente
numa colina como se estivesse a fazer audições para o Game of Thrones: Edição
Suíça.
Mas Rapperswil não faz drama. Faz graça. Faz encanto. Faz flores—mais de
15.000, para ser exato. É por isso que é carinhosamente apelidada de “A Cidade
das Rosas.” Existe até um Rosengarten mesmo ao lado do Mosteiro dos
Capuchinhos, onde as flores alinham-se ordenadamente como se tivessem sido
avisadas da visita da Rainha.
E se quiser um toque de história, dirija-se diretamente ao Schloss
Rapperswil, que se ergue sobre a cidade desde o século XIII e hoje acolhe o
Museu Polaco (sim, a sério). É uma homenagem surpreendente à cultura e história
polaca, curada com paixão.
Agora, um toque de luxo. Para o viajante que prefere vistas de lago combinadas com roupões de spa e cartas de vinhos, o Hotel Speer é o seu ponto de encontro em Rapperswil. Este boutique hotel oferece quartos modernos, um buffet de pequeno-almoço irresistível e acesso fácil a tudo, desde a estação de comboios até ao passeio à beira-lago.
E não saia sem atravessar a ponte pedonal de madeira até Hurden, uma passagem
que remonta à época romana (com algumas melhorias desde então).
Vindo de Rapperswil, Wattwil parece aquele momento em que alguém
entregou à Suíça uma camisa de flanela, uma roda de queijo, e disse: “Agora vai
e sê acolhedora sem esforço.” Wattwil é o tipo de lugar onde os chalés de
madeira superam os táxis e as vacas têm melhores vistas do que a maioria dos
humanos.
Calce as suas botas de caminhada mais estilosas (ou finja que caminha—isto é um
espaço seguro), e suba até às ruínas de Iburg. São os vestígios esqueléticos de
um castelo do século XII empoleirado dramaticamente acima da cidade. O
ambiente? Um pico medieval digno do Instagram.
Bem-vindo à terra não-oficial do queijo Appenzeller, aquele tesouro ousado,
intenso e gloriosamente malcheiroso que poderia ser engarrafado como perfume
para vacas suíças orgulhosas. Entre numa Chäslädeli (loja de queijos) local
para provar algumas fatias. Muitas lojas oferecem provas e embalagens a vácuo
para levar o aroma para casa.
E se não se cansar desse queijo e quiser pernoitar, vá até ao B&B Hofgenuss. Não é uma estadia rural qualquer—é um bed and breakfast encantador
baseado numa quinta que oferece uma experiência suíça autêntica com produtos
locais e um ambiente sereno. Localizado a cerca de 7 km de Wattwil.
Para algo um pouco mais requintado, considere o Hotel Kloster Fischingen, um
hotel mosteiro lindamente restaurado que oferece luxo discreto e um ambiente
tranquilo imerso em história. A apenas 18 km de Wattwil, combina comodidades
modernas com uma atmosfera contemplativa—perfeito para uma escapadinha
repousante.
Quando o Voralpen Express chega a Herisau, não espere uma entrada
extravagante. Isto não é Las Vegas. É a cidade mais antiga do cantão e, ainda
por cima, a capital.
Se está a perguntar-se onde Herisau esconde a sua história, não esconde.
Exibe-a orgulhosamente no Museum Herisau, onde as máquinas de bordado do século
XIX ainda tilintam como se tivessem um compromisso urgente. O museu parece o
sótão de uma avó suíça: encantador, cheio de camadas e, curiosamente, repleto
de têxteis de classe mundial. Vai sair a saber mais sobre rendas do que alguma
vez planeou.
Saia e suba a colina (porque na Suíça tudo é a subir) até à Igreja Evangélica
de Herisau. Este exemplar gótico-com-barroco tem vistas de topo com ambiente
“Música no Coração”, mas com menos cantorias espontâneas e mais silêncio
contemplativo.
E se quiser sentir-se acolhido nesta cidade, dirija-se ao Hotel Landhaus Säntis Herisau. É o tipo de lugar que o faz questionar se não será secretamente da
realeza. Mistura conforto do velho mundo com um toque moderno. Imagine quartos
com madeira quente, edredões macios e o tipo de hospitalidade transmitida de
geração em geração como receitas de fondue. Além disso, o restaurante no
rés-do-chão faz lembrar uma avó suíça pessoal.
À medida que o Voralpen Express entra em St. Gallen, acena a bandeira
final. Este é o grande final da sua viagem cénica de comboio pela Suíça.
Se St. Gallen fosse um romance, a Abadia de São Galo seria o majestoso primeiro
capítulo que prende logo o leitor. Este Património Mundial da UNESCO é uma joia
barroca com uma biblioteca tão antiga e deslumbrante que quase esperamos ver o
Gandalf a surgir e dizer: “Não passarás... sem admirar estes manuscritos!” A
Biblioteca da Abadia guarda cerca de 170.000 textos.
Se acha que o tecido serve apenas para cobrir sofás, pense outra vez. O Museu
Têxtil de St. Gallen coloca o património têxtil da cidade em destaque, exibindo
séculos de bordados que fizeram desta cidade a capital mundial da renda e da
costura. Além disso, é o lugar ideal para se atualizar em trivialidades de
bordado e impressionar os amigos no próximo cocktail.
E se quiser experimentar a magia em St. Gallen, então o restaurante
Multertor é a sua introdução deliciosa. O chef Tobias Funke tem este dom
brilhante de transformar sabores caseiros e familiares em pratos que sussurram
“gourmet” sem gritar “pretensioso.” Os seus famosos fish fingers não são o
lanche da infância em repetição. E o ambiente? Tão acolhedor quanto a comida.
Depois de o Voralpen Express finalmente o trazer até St. Gallen (e talvez
depois de visitar os locais que mencionámos), está na altura de se instalar num
lugar tão cool quanto a cidade. Entre no Einstein St. Gallen. Este não é um
hotel qualquer. É onde o design moderno encontra a história, embrulhado num
edifício lindamente restaurado que parece ter histórias para contar. E os
quartos? Mais do que apenas um lugar para dormir—são refúgios acolhedores, com
toques pensados ao detalhe para que se sinta verdadeiramente em casa.
O Voralpen Express é mais um brunch com os Alpes. Tranquilo, cénico e
perfeitamente cronometrado para o fazer esquecer o significado de “pressa.”
A viagem completa de Luzern a St. Gallen demora cerca de 2 horas e 15 minutos,
tempo suficiente para se apaixonar pela Suíça tudo de novo. E sem precisar de
carregador. Mas não se deixe enganar pela duração modesta. Isto não é uma
deslocação de duas horas—é uma passerelle campestre de duas horas. Com vistas
que desfilam mais do que a Tyra Banks num túnel de vento, desliza por paisagens
que o fazem repensar toda a vida urbana. Prados ondulantes, vilas acolhedoras e
montanhas que entram por todas as janelas como figurantes atrevidos.
Claro, podia passar essas duas horas a ver um filme ou a mergulhar na caixa de
entrada. Mas porque fazer isso quando pode deslizar por um paraíso pré-alpino
com vacas como coprotagonistas e vilas que parecem desenhadas por arquitetos de
contos de fadas em excesso de açúcar?
Sim, são pouco mais de 120 minutos. Mas quando as vistas são assim tão de
sonho, até o seu relógio perde o interesse.
O Voralpen Express pode levar o seu tempo na linha, mas quando se trata
de horários, é suíço até à medula. Os comboios circulam geralmente de hora a
hora, durante todo o ano, entre Luzern e St. Gallen, por isso não é preciso
correr como se fosse o último comboio para Hogwarts. Basta aparecer, respirar e
embarcar.
Agora, falemos de bilhetes. Se é orgulhoso portador de um Swiss Travel Pass ou
de um cartão de viagem GA, parabéns, já está dentro. Sem taxas adicionais. Sem
dramas. Basta mostrar o passe e procurar um lugar à janela (porque confie, quer
mesmo um lugar à janela). Caso contrário, aplicam-se as tarifas normais e podem
ser reservadas online ou em qualquer balcão da estação. A boa notícia? Esta
viagem tem vistas de champanhe com orçamento de água com gás.
Não é necessário reservar lugar, a menos que viaje com um grupo de 10 ou mais
pessoas. Nesse caso, é necessário reservar com antecedência, mas sem custos
adicionais. Para viajantes a solo ou casais que queiram garantir a melhor
vista, as reservas opcionais custam apenas CHF 5—basicamente o preço de um
cappuccino que não vai entornar neste passeio suave.
A Primeira Classe no Voralpen Express é onde a viagem cénica de comboio
encontra a sofisticação suíça, sem ser pretensiosa.
Qual é o ambiente? Pense: assentos largos e almofadados que se parecem mais com
poltronas de boutique do que com bancos de comboio. Com disposição 2+1, pode
realmente desfrutar de um momento de paz sem alguém a respirar-lhe no pescoço
ou a atravessar o seu lanche.
Na Primeira Classe há espaço de sobra para esticar as pernas como os próprios
Alpes, e reina um silêncio notável, suficientemente tranquilo para ouvir os
seus pensamentos ou o narrador do audiolivro. E oh, a paisagem! Com menos gente
a bordo e janelas maiores, terá lugar na primeira fila para todo o espetáculo:
os lagos cintilantes, as colinas perfeitas de postal e as vilas.
Não são necessárias reservas, nem códigos de vestuário apertados. Só você e o
seu trono confortável. Quer vá de Luzern para St. Gallen ou no sentido inverso,
isto não é apenas uma viagem de comboio. Por isso, vá, viaje em Primeira. Você
merece. Ou pelo menos convenceu-se de que merece, o que na Suíça já é mais do
que suficiente.
Comece a sua aventura com a Revigorate.