Há algo perigosamente encantador no Piemonte.
Num momento, está a saborear um copo de Barolo ao sol e, no seguinte, fica de boca aberta diante de um palácio real, a pensar se ainda vai a tempo de herdar um título nobre. Esta é uma região que não se limita a sussurrar «dolce vita». Serve-a numa bandeja de prata, acompanhada de trufas e com vista para os Alpes.
O Piemonte não precisa de gritar por atenção como tantos outros lugares. Não há néons, nem influenciadores barulhentos com drones a zumbir no ar. É aquele amigo naturalmente elegante que entra numa sala, não diz uma palavra e, ainda assim, domina o ambiente. Entre as suas colinas cobertas de vinhas, joias barrocas de cortar a respiração e lagos de serenidade hipnótica, o Piemonte tem uma forma subtil de redefinir o que significa uma viagem verdadeiramente inesquecível.
Esta não é a Itália dos postais turísticos nem das excursões apressadas. Este é o Piemonte. Aqui, os castelos não pertencem apenas aos contos de fadas, os vinhos envelhecem melhor do que certos rituais de beleza e os pores do sol têm o irritante hábito de o fazer repensar o voo de regresso a casa. Vai passear por ruelas de pedra, tropeçar na sua beleza (literalmente, nas calçadas irregulares) e apaixonar-se mais vezes do que gostaria de admitir.
Sim, confie em nós: o Piemonte tem uma magia que permanece muito depois da partida. E porque merece vê-lo como deve ser — sem saltar de atração em atração — preparámos um itinerário de 5 dias de luxo que reúne os lugares mais extraordinários da região numa só viagem deslumbrante. Aperte o cinto. A melhor espécie de aventura começa aqui.

Toda grande história de amor com Turim começa aqui. A Piazza Castello não é apenas uma praça, é a sala de estar da cidade, o seu salão real e o palco de séculos de drama, tudo num só lugar.
É aqui que o mármore encontra a monarquia e onde a história insiste em fazer uma entrada triunfal. O espaço é dominado pelo Palazzo Reale, pelo Palazzo Madama e pelas arcadas elegantes que parecem estender-se até outra época.
Passear por esta praça é perceber rapidamente por que reis, rainhas e até filósofos gostavam de ali permanecer. O ar vibra com histórias: bailes reais, murmúrios políticos e talvez um ou outro escândalo polido pelo tempo. A melhor forma de a viver? Deixe-se envolver pela sua grandiosidade. Quer seja pela luz da manhã que se espalha pelas fachadas do palácio, quer seja pelo brilho dourado do entardecer que faz as estátuas cintilar, a Piazza Castello domina como ninguém a arte de causar impacto. Não é um mau começo para se apaixonar pelo Piemonte.
Boas notícias: não é preciso subir colinas, correr nem apanhar táxis à pressa. Do centro da Piazza Castello ao Palazzo Reale são apenas uns passos — tecnicamente, já o está a ver. A família real nunca foi conhecida pela discrição.
Por trás daqueles portões de ferro elegantes esconde-se um palácio que é menos uma “casa” e mais uma “declaração de estilo”. Construído no século XVII, foi a residência oficial da Casa de Saboia. Os interiores são uma verdadeira lição de esplendor: tetos pintados, salões forrados a veludo e escadarias que praticamente exigem entradas dramáticas. E, claro, há ainda a Armeria Reale (Arsenal Real), onde espadas e armaduras douradas fazem a Idade Média parecer um desfile de moda luxuoso.
Quanto às visitas, há uma experiência guiada de uma hora ideal para quem quer percorrer os Apartamentos Reais sem pressas. Caminhará entre mobiliário sumptuoso, tapeçarias grandiosas, abóbadas decoradas e esculturas que fazem o design moderno parecer um trabalho de grupo escolar.
Do Palazzo Reale à Cattedrale di San Giovanni Battista é literalmente um minuto a pé. A catedral ergue-se com graça na Piazza San Giovanni, um pouco mais serena do que a sua vizinha ilustre, mas igualmente marcante.
Construída entre 1491 e 1498, esta joia renascentista é a única catedral de Turim, dedicada a São João Batista, o padroeiro da cidade. Não se deixe enganar pela fachada simples em mármore branco — a magia está nos detalhes. No interior, um conjunto de arcos harmoniosos, luz suave e frescos delicados cria uma atmosfera sagrada e surpreendentemente cinematográfica. Mas a verdadeira estrela é a Capela do Santo Sudário, onde se guarda o Sudário de Turim, uma das relíquias mais misteriosas do cristianismo. Mesmo que não seja religioso, o peso da história é suficiente para fazer qualquer visitante parar e respirar fundo.
Da catedral até à Mole Antonelliana são cerca de 12 minutos a pé — tempo suficiente para as pernas descansarem antes de a mandíbula voltar a cair. Quando vira para a Via Montebello, lá está ela: a Mole. Alta, orgulhosa e impossível de ignorar.
A Mole Antonelliana é o marco mais icónico de Turim. A sua torre de 167 metros domina o horizonte, e a arquitetura é uma combinação genial de excentricidade e elegância que o obriga a parar para admirar. Por dentro, a surpresa é o seu toque moderno: abriga o Museu Nacional do Cinema, um verdadeiro parque de diversões para cinéfilos, cheio de exposições interativas, adereços vintage e referências inteligentes à era dourada do cinema. O interior sobe em espiral até o teto, transformando cada ângulo numa cena digna de fotografia.
As visitas guiadas levam-no além do espetáculo do rés do chão. Um elevador panorâmico sobe até ao miradouro, onde Turim se estende diante de si como uma obra-prima cinematográfica, com os Alpes no horizonte e os telhados em tons de terracota abaixo.
A partir da Mole Antonelliana, são cerca de 10 minutos a pé até ao Museo Egizio. Aqui, Turim funde-se com a história, e assim que entra, a atmosfera muda de «grandeza italiana» para «drama digno de faraós».
Não é um museu qualquer. É o segundo maior acervo de antiguidades egípcias do mundo, logo a seguir ao do Cairo. O espaço está repleto de maravilhas com milhares de anos: estátuas de deuses e deusas, sarcófagos perfeitamente preservados e túmulos inteiros que parecem ter viajado no tempo. Cada galeria é uma nova revelação — num instante há hieróglifos, no seguinte ergue-se uma colossal estátua de Ramsés II, fazendo-o sentir-se deliciosamente pequeno. Para uma experiência mais rica, há visitas guiadas disponíveis e valem cada minuto. Uma visita normal dura cerca de duas horas, mas as visitas privadas revelam muito mais do que o que está escrito nos cartões informativos.
A Piazza San Carlo é a praça mais elegante de Turim — a sala de estar não oficial da cidade, onde a história, o estilo e um toque de drama se encontram. Conhecida como o «salão de receção» de Turim, está enquadrada por edifícios com arcadas tão simétricos que parecem ter sido construídos apenas para impressionar o seu rolo de fotografias.
Quando a Casa de Saboia decidiu que a sua capital merecia um palco digno, nasceram as igrejas gémeas de Santa Cristina e San Carlo Borromeo, que emolduram o extremo sul da praça. No centro ergue-se a estátua equestre em bronze de Emanuele Filiberto. Para uma experiência ainda mais enriquecedora, muitas visitas guiadas a pé por Turim incluem a Piazza San Carlo no percurso, destacando o seu papel como o coração social da cidade.
Da Piazza San Carlo, bastam dois minutos a pé até descobrir um dos segredos mais encantadores de Turim.
A Galleria Subalpina foi construída no final do século XIX. Não nasceu para se misturar, mas para brilhar. Na época, era o lugar onde a elite de Turim desfilava com os seus melhores casacos — e, sinceramente, o espaço não perdeu um grama do seu encanto teatral. Cada mosaico de mármore e cada arabesco em ferro forjado respiram elegância de outros tempos, mas o ambiente continua vivo. Livrarias, boutiques artesanais e cafés prosperam aqui, aninhados sob varandas que já ouviram mais de um século de conversas sussurradas.
A cerca de 10 minutos a pé, a Piazza Vittorio Veneto recebe-o com uma luz dourada e cinematográfica, enquanto Turim parece suspirar de contentamento.
A praça estende-se ampla, enquadrada por edifícios com arcadas que se alinham como convidados elegantemente vestidos num baile. Mas o verdadeiro truque está na forma como conduz o olhar, quase sem que perceba. Num momento observa a harmonia das fachadas, e no seguinte já tem os olhos fixos na Ponte Vittorio Emanuele I. Além dela, a Mole Antonelliana brilha suavemente, como se Turim lhe dissesse: «Boa noite». E ali, na margem da Piazza, o rio Pó reflete as luzes da cidade como uma fita de veludo salpicada de ouro. É uma elegância natural, sem esforço.
Virando o olhar a partir da Piazza Vittorio Veneto, uma caminhada de 8 a 10 minutos colina acima leva-o ao Monte dei Cappuccini.
No topo desta colina ergue-se a Igreja de Santa Maria al Monte dei Cappuccini, construída pelos frades capuchinhos entre o final do século XVI e o início do XVII. O terraço oferece uma das vistas mais deslumbrantes de Turim — o horizonte coroado pela Mole Antonelliana, as curvas do rio Pó, os telhados em tons de terracota banhados pela luz do crepúsculo e, ao fundo, os Alpes desenhados na névoa. E assim, o Dia 1 termina em grande — literalmente.

O segundo dia começa em grande — ou melhor dizendo, em altura. A partir de Turim, é cerca de uma hora de viagem panorâmica até La Morra. A cidade vai lentamente cedendo lugar a vinhas ondulantes, estradas rurais sinuosas e aquela luz dourada que faz tudo parecer saído de uma cena perfeita para o Instagram.
O miradouro de La Morra é um terraço tranquilo com vista sobre fileiras impecáveis de vinhas, aldeias medievais aninhadas nas colinas e, ao longe, os Alpes que vigiam o horizonte. O ar é mais fresco aqui, o ritmo mais lento e a vista… bem, digamos apenas que não precisa de filtro. Esta aldeia no topo da colina existe desde o século XII e, ao contemplar o panorama, percebe-se logo porque é que tanta gente nunca quis partir.
Muitos roteiros de luxo incluem La Morra por um bom motivo. Guias privados podem organizar visitas matinais antes da chegada dos turistas, muitas vezes com provas exclusivas em vinhas próximas ou pequenas sessões de storytelling sobre a tradição vinícola da região. E, se quiser ir ainda mais longe, há excursões que incluem passeios de balão ao nascer do sol.
Do miradouro de La Morra, são apenas 10 minutos de carro até à aldeia de Barolo. Num instante está rodeado por infinitas fileiras de vinhas, e no seguinte, surge uma aldeia medieval no topo de uma colina, como uma revelação cuidadosamente orquestrada.
Barolo é pequena, mas poderosa. As ruas empedradas serpenteiam entre edifícios de pedra que envelheceram como um bom Nebbiolo, e o aroma de uvas e carvalho parece segui-lo a cada passo. Há inúmeros recantos e paragens que transformam esta visita matinal num passeio cheio de encanto.
Do coração empedrado da aldeia de Barolo, o WiMu – Museo del Vino a Barolo fica a uma curta caminhada até ao topo da colina. Instalado no Castello Falletti di Barolo, este não é um museu comum onde se observam objetos empoeirados. É uma carta de amor imersiva ao vinho, encenada dentro de um castelo medieval que já viu séculos de colheitas passarem.
O WiMu reinventa a forma de contar a história do vinho. As exposições percorrem as salas do castelo como uma narrativa, traçando a viagem do vinho desde os rituais antigos até à elegância moderna. Há poesia gravada nas paredes, iluminação dramática, instalações interativas e caves abobadadas que ainda guardam o perfume do carvalho e do tempo. É engenhoso, inesperado e faz-nos querer servir um copo de algo encorpado assim que saímos.
Quando acha que Barolo já não pode ser mais encantador, eis que se vê diante da lendária Propriedade Marchesi di Barolo — um nome icónico no mundo do vinho italiano. Fundada no início do século XIX, esta propriedade histórica é muito mais do que uma vinha: é o berço do vinho Barolo como o conhecemos hoje.
A visita desenrola-se como um verdadeiro conto, revelando uma história a cada sala. Primeiro, entra-se nas antigas caves — frescas, pouco iluminadas e ladeadas por imponentes tonéis de carvalho da Eslavónia. Depois, chega-se à área de produção, onde os métodos tradicionais se encontram com a precisão moderna. Mas o ponto alto? A prova de vinhos. Seja uma degustação clássica ou uma experiência premium, cada gole é uma aula magistral sobre terroir. Aqui, descobre-se o sabor encorpado, elegante e com a assinatura distinta do Nebbiolo — o que colocou o Piemonte no mapa mundial do vinho.
Dois castelos num só dia? Isso é o que se chama viver a dolce vita com um toque real. Depois de saborear os vinhos de Barolo, é hora de trocar os tonéis por torres e vistas panorâmicas no Castello di Grinzane Cavour.
Erguido no alto de uma colina coberta de vinhas — como se fosse tirado de um conto de fadas que cresceu, tirou um curso de sommelier e aprendeu boas maneiras — este castelo do século XIII é mais do que belas paredes de pedra. É um Património Mundial da UNESCO e pertenceu a Camillo Benso, Conde de Cavour, um dos fundadores da Itália moderna e um homem de gosto impecável, tanto na política como no Nebbiolo.
No interior, o castelo abriga um museu dedicado às tradições vinícolas da região, além de garrafas raras que fariam qualquer colecionador de vinhos ficar sem fôlego. Mas o verdadeiro espetáculo não está apenas dentro. Ao sair para o terraço, é recebido por uma vista de 360 graus sobre as colinas de Langhe — tão cinematográfica que poderia ser a cena final de um filme digno de Óscar.
Se os castelos foram o prato principal do dia, então a Torre di Barbaresco é a sobremesa ousada que chega com estilo. A poucos minutos de carro de Grinzane Cavour, esta torre de 36 metros de altura não está apenas ali para enfeitar — ela domina o horizonte.
Antigamente usada como torre de vigia medieval, hoje é o melhor ponto para admirar as colinas cobertas de vinhas de Langhe em toda a sua glória dourada. À medida que sobe andar após andar (ou apanha o elevador, se preferir o panorama sem o esforço), a paisagem vai-se revelando até que, lá no topo, tem um bilhete de primeira fila para uma das vistas mais deslumbrantes do Piemonte. E, claro, há uma sala de provas de vinho lá dentro — porque, evidentemente, não podia faltar.
Da Torre de Barbaresco, são apenas 15 minutos de carro até ao coração de Alba. Este não é o tipo de lugar que precisa de chamar a atenção — ele simplesmente existe, lindamente, deixando que seja o visitante a render-se ao encanto.
As ruas ganham vida suavemente ao cair da tarde. Igrejas românicas ombreiam com detalhes barrocos, sussurrando segredos de séculos passados. E depois há o aroma — suave, mas inconfundível — das trufas no ar, a assinatura gastronómica desta joia das colinas de Langhe. Entregue-se à experiência e descobrirá uma magia muito própria, feita de partes iguais de elegância e autenticidade.
A poucos passos do centro histórico de Alba, a Via Vittorio Emanuele II desliza suavemente pela cidade. Não é barulhenta nem extravagante — é a confiança tranquila de quem encanta há séculos.
A avenida é o cenário perfeito onde locais e viajantes passeiam com aquele ritmo despreocupado que só as noites bonitas inspiram. A rua preserva as suas raízes romanas, mas o seu espírito está na harmonia entre o charme antigo e a energia moderna.
Se quiser acrescentar um toque especial, há visitas guiadas noturnas privadas que revelam a evolução arquitetónica de Alba — dos alicerces medievais à elegância Belle Époque. É também o melhor sítio para explorar boutiques, espreitar arcadas históricas e mergulhar na elegância descontraída que define esta cidade.

De Alba, é uma viagem panorâmica de cerca de 30 minutos até Asti. A catedral ergue-se no coração da cidade, dominando o centro histórico com uma elegância serena — como se sempre tivesse estado à sua espera. E, na verdade, esteve. É uma das mais belas igrejas góticas do Piemonte.
A fachada listrada em tijolo e pedra da Cattedrale di Asti parece saída de uma carta de amor medieval, com delicadas rosáceas e esculturas intrincadas que contam séculos de histórias sem precisar de palavras. Ao entrar, o silêncio envolve-o. O interior é um espetáculo de tetos cobertos de frescos, luz suave filtrada pelos vitrais e ecos de séculos de fé e arte que simplesmente se recusam a desaparecer.
Da catedral, uma curta caminhada de cinco minutos pelas ruas empedradas do centro histórico leva-o até à Piazza San Secondo. À medida que se aproxima, sente-se a energia crescer — um zumbido vivo que mistura devoção, tradição e o charme quotidiano da vida italiana.
No centro da praça ergue-se a Igreja Colegiada de San Secondo, uma joia em tijolo vermelho dedicada ao padroeiro de Asti. À volta, cafés e geladarias espalham-se pelas esplanadas, criando o equilíbrio perfeito entre o sagrado e o social. Há algo de intemporal neste lugar. Para quem quiser mergulhar mais fundo, há visitas guiadas que desvendam as camadas da praça, contando histórias sobre feiras medievais, lendas locais e o orgulho do célebre Palio di Asti. Ou, se preferir, basta sentar-se numa mesa ao ar livre e deixar o tempo passar ao ritmo de um café.
A Torre Troyana é o ponto de exclamação no horizonte de Asti — ergue-se acima do centro histórico como se tivesse algo importante a dizer. E tem. Com 44 metros de altura, é uma das torres medievais mais bem preservadas do Piemonte e uma lembrança provocadora de que os arranha-céus não são invenção moderna.
Construída entre os séculos XII e XIII, a torre era um símbolo de prestígio para as famílias poderosas de Asti. Pense nela como o equivalente medieval a exibir o imóvel mais alto do bairro — um verdadeiro emblema de status. Subir os 199 degraus é recompensado com uma vista panorâmica digna de postal: telhados em terracota, torres de igreja, vinhas ondulantes no horizonte e o som suave da vida quotidiana a vibrar lá em baixo.
Da Torre Troyana, são cerca de 45 minutos de viagem panorâmica pelas colinas ondulantes do Piemonte até chegar a Casale Monferrato, onde a Cattedrale di Sant’Evasio o recebe com a imponência de uma alma antiga e postura impecável.
Esta catedral é muito mais do que uma bela igreja — é uma das grandes referências da arquitetura sacra piemontesa. Fundada no século XII, combina audazes tijolos vermelhos, portais esculpidos e mosaicos delicados que fazem qualquer amante da arte suspirar. Ao entrar, é envolvido por uma experiência sensorial: a luz dourada filtrada pelos vitrais, os frescos que cobrem as paredes como orações murmuradas e uma cripta que vibra com o peso silencioso dos séculos. E, para quem aprecia a história com um toque de exclusividade, há visitas privadas que revelam partes da catedral muitas vezes ignoradas por quem apenas passa.
Da catedral, é apenas uma caminhada agradável de cinco minutos até uma das joias mais inesperadas de Casale Monferrato — a Sinagoga Judaica.
Construída em 1595, esta sinagoga é um verdadeiro exemplo de como a simplicidade pode encontrar a grandiosidade. Trabalhos em estuque elaborados, detalhes dourados, tetos pintados à mão e lustres intrincados preenchem o espaço com uma elegância serena, quase sussurrada. É uma das sinagogas mais antigas e belas de Itália, e ostenta a sua história com uma confiança silenciosa, sem necessidade de ostentação.
Erguido no topo de uma suave colina, o Sacro Monte di Crea é como uma joia escondida à espera de ser descoberta. À sua volta, estendem-se vinhas e florestas, e o silêncio do local convida à contemplação e à serenidade.
O complexo é composto por 23 capelas, cada uma adornada com esculturas em terracota e frescos que retratam a vida da Virgem Maria. A cada passo pelos caminhos arborizados, revelam-se obras de arte e devoção preservadas ao longo de séculos — um percurso que combina espiritualidade, beleza e natureza em perfeita harmonia.
Do Sacro Monte di Crea, é uma viagem de cerca de 25 minutos de regresso ao coração de Asti, descendo por colinas suaves e vinhedos que se iluminam com a luz dourada do entardecer.
A Piazza Alfieri leva o nome do célebre escritor astigiano Vittorio Alfieri, cuja estátua domina a praça como um anfitrião orgulhoso. À volta, fachadas neoclássicas, varandas delicadas e elegantes pormenores arquitetónicos emolduram o cenário. À medida que a noite cai, o brilho dos candeeiros reflete-se nas montras e lança sombras longas e brincalhonas sobre a calçada. É um lugar onde a história e a vida moderna se cruzam naturalmente, onde o ar vibra com ecos de séculos de histórias.
Para quem gosta de descobrir com exclusividade, há visitas privadas que revelam a vida de Alfieri, as origens medievais de Asti e o papel da praça nas tradições e festivais locais. Algumas experiências incluem ainda o acesso a antigas arcadas ou momentos tranquilos em terraços com vista para a cidade.
Para encerrar o Dia 3 em grande estilo, uma curta viagem panorâmica desde a Piazza Alfieri leva ao Castello dei Marchesi del Monferrato, um Sítio do Património Mundial da UNESCO. A partir deste ponto privilegiado, as regiões de Langhe e Monferrato estendem-se até onde a vista alcança, banhadas pela luz suave do entardecer. É o tipo de vista que faz parar, respirar e saborear cada momento do dia. Entre castelos, catedrais e praças, este panorama final é o fecho perfeito para uma jornada que celebra a alma do Piemonte — majestosa, serena e eternamente inspiradora.

Orta San Giulio é uma joia à beira do lago, onde as ruas empedradas, as casas em tons pastel e o som suave das águas do Lago d’Orta compõem um cenário tão perfeito que parece ensaiado.
A vila desenvolve-se em torno da Piazza Motta, o coração do seu centro histórico, onde se alinham boutiques artesanais, cafés acolhedores e igrejas seculares escondidas em cada recanto. Do outro lado das águas, a Isola San Giulio ergue-se como uma joia cintilante, com a sua basílica e claustros que acrescentam um toque de misticismo sereno à superfície espelhada do lago. Cada rua e viela convida a uma exploração lenta, onde história, arte e natureza se entrelaçam de forma natural e harmoniosa.
As visitas privadas proporcionam uma experiência mais rica, guiando os visitantes por ruelas secretas, igrejas históricas e lojas de artesanato. Para quem procura um toque mais exclusivo, passeios de barco privados até à Isola San Giulio oferecem acesso íntimo às preciosidades da ilha, enquanto se aprecia a paisagem do lago e das colinas circundantes com todo o requinte.
Uma curta caminhada de cinco minutos desde a entrada da vila leva-o diretamente à Piazza Motta, o coração pulsante de Orta San Giulio. O som ritmado dos passos sobre a calçada mistura-se com o tilintar das chávenas nos cafés e a brisa suave do lago, revelando uma praça vibrante e serena ao mesmo tempo.
Enquadrada por edifícios coloridos, lojas de artesanato e esplanadas que se estendem pelas ruas, a praça pulsa com um ritmo descontraído e elegante. Do outro lado do lago, a Isola San Giulio reflete-se nas águas calmas — a sua basílica e claustros formam um cenário quase cinematográfico. Varandas em ferro forjado, pormenores arquitetónicos subtis e passagens escondidas recompensam os olhares atentos, transformando até um simples passeio numa caminhada de descoberta.
Vista da Piazza Motta em Orta San Giulio a partir de um táxi aquático, Lago d’Orta, Piemonte, ItáliaUma caminhada suave de dez minutos a subir desde a Piazza Motta leva-o ao Sacro Monte di Orta, um santuário no topo da colina que coroa a vila com um toque de elegância tranquila.
Fundado no final do século XVI, o complexo é composto por 20 capelas, todas adornadas com frescos e esculturas em terracota que retratam a vida de São Francisco de Assis. Cada capela é uma pequena obra-prima, onde a arte e a devoção se unem para transformar o passeio numa viagem narrativa. Do topo, a vista sobre o Lago d’Orta é de cortar a respiração — a ilha e as colinas circundantes estendem-se infinitamente, num enquadramento perfeito para a contemplação.
Há opções de luxo que permitem acesso antecipado ou tardio, para apreciar o santuário em total tranquilidade, enquanto a luz dourada da manhã ou do entardecer ilumina os frescos e o lago num espetáculo inesquecível.
Da base do Sacro Monte di Orta, um breve passeio de lancha atravessa o Lago d’Orta até à Isola San Giulio, uma pequena ilha que condensa séculos de história nos seus modestos 270 metros de perímetro.
A Basílica de San Giulio, de estilo românico, domina a paisagem — uma verdadeira obra-prima de arquitetura e fé. Embora o mosteiro permaneça fechado ao público, as ruelas estreitas, as muralhas antigas e os recantos sombreados da ilha revelam camadas de história: das lendas de São Júlio à vida monástica que moldou este lugar. Percorrer o caminho circular em redor da ilha é uma experiência quase meditativa.
As visitas guiadas enriquecem a experiência, oferecendo contexto histórico, curiosidades e interpretações artísticas da basílica. Os passeios duram, em média, duas horas. As opções mais exclusivas incluem transferências privadas em lancha, permitindo explorar a ilha ao seu próprio ritmo e apreciar a serenidade do lago longe das multidões.
Assim que chega à Isola San Giulio, a Basílica de San Giulio impõe-se como a joia da coroa da ilha. Esta obra-prima românica emana uma autoridade tranquila, com as suas paredes em pedra e portais ricamente esculpidos que revelam séculos de devoção e arte. Desde o século X que a basílica é um centro espiritual e continua a contar a história da mestria artesanal e da importância duradoura da ilha.
No interior, a basílica surpreende pela sua grandiosidade serena. A luz suave filtra-se pelas janelas, iluminando a nave e os delicados detalhes ornamentais, enquanto os ecos da história ressoam nos arcos e colunas. É um espaço que convida à contemplação lenta, permitindo apreciar tanto a arte como os séculos de fé que atravessaram as suas portas.
Apenas cinco minutos a pé separam a Basílica de San Giulio da Via del Silenzio, um percurso sereno que contorna a ilha e convida a abrandar o passo e o pensamento.
Este estreito caminho empedrado é mais do que uma rota pitoresca. Flanqueado por baixos muros de pedra, sombreado por árvores e pontuado por pequenas placas informativas, partilha histórias dos monges beneditinos, do quotidiano do mosteiro e das lendas de São Júlio. A cada curva, abre-se uma nova perspetiva sobre a basílica românica, os claustros do mosteiro e as águas cintilantes do lago.
À medida que o dia chega ao fim, o Lago d’Orta transforma-se no cenário perfeito para uma noite à beira da água. Uma curta caminhada de cinco minutos desde o centro da vila leva-o até ao passeio ribeirinho.
O passeio marítimo estende-se ao longo da margem, ladeado por bancos, pequenos cafés e floreiras coloridas, criando uma atmosfera relaxada e elegante. Cisnes deslizam graciosamente junto à costa, e a silhueta distante da Isola San Giulio acrescenta um toque de magia ao entardecer. O ambiente muda com a luz — do calor dourado da tarde à luminosidade suave dos candeeiros ao anoitecer.
O Belvedere di Quarna é, sem dúvida, a forma perfeita de encerrar o Dia 4. Este miradouro panorâmico oferece uma vista deslumbrante sobre o Lago d’Orta, com as colinas e a Isola San Giulio a comporem uma paisagem de cortar a respiração.
Daqui, a vila, o lago e a ilha estendem-se lá em baixo como uma pintura viva moldada pela natureza.
É um local muito procurado por fotógrafos e sonhadores, onde cada ângulo enquadra o lago e as colinas como se fossem um postal animado. Pequenos bancos e plataformas de observação convidam à pausa e à contemplação, enquanto a luz do entardecer suaviza as formas das montanhas e das casas. É uma perspetiva que transforma o comum em extraordinário, tornando a subida até aqui absolutamente recompensadora.

O Dia 5 começa com um sopro de ar alpino puro na entrada do Parque Nacional Gran Paradiso, a uma curta viagem da vila piemontesa mais próxima — uma transição instantânea das vinhas e lagos para os picos imponentes e a natureza selvagem intocada.
O Gran Paradiso é o primeiro parque nacional de Itália, criado para proteger o majestoso íbex e a rica biodiversidade da região. A partir deste ponto, caminhantes e amantes da natureza podem explorar uma variedade de trilhos, cruzar riachos de águas cristalinas e admirar vistas panorâmicas sobre os Alpes. O parque combina uma beleza agreste com serenidade absoluta, oferecendo a oportunidade de viver a natureza de uma forma autêntica e profundamente envolvente.
A cerca de 30 minutos de carro da entrada do parque encontra-se o Lago di Ceresole, um sereno lago alpino aninhado entre picos imponentes. As suas águas refletem as montanhas de tal forma que é quase desorientante, como se o céu e as colinas tivessem trocado de lugar por um instante.
O lago é um refúgio de calma e contemplação, onde os únicos sons são o leve ondular da água ou o distante chamamento de uma ave. Caminhar ao longo das suas margens é como percorrer uma galeria natural, onde a água cristalina, as florestas luxuriantes e o horizonte montanhoso se combinam numa paisagem de intemporal serenidade.
A partir do Lago di Ceresole, uma viagem de aproximadamente 30 minutos leva-o até ao Colle del Nivolet, um deslumbrante passo alpino que oferece vistas panorâmicas sobre o maciço do Gran Paradiso e os vales circundantes.
O Colle del Nivolet é o sonho de qualquer fotógrafo e o refúgio perfeito para os amantes da natureza. Picos irregulares, vestígios glaciais e prados alpinos intermináveis estendem-se em todas as direções, criando uma sensação de imensidão e tranquilidade quase cinematográfica. A altitude traz um ar puro e revigorante, e as paisagens abertas convidam a parar, respirar fundo e simplesmente admirar a grandiosidade dos Alpes italianos.
Apenas a cinco minutos de carro (ou uma curta caminhada panorâmica para os mais aventureiros) do Colle del Nivolet, encontra-se o Rifugio Savoia — um refúgio de montanha que é menos “abrigo rústico” e mais “postal alpino vivido”.
Este abrigo histórico está situado a 2 532 metros de altitude, onde prados verdejantes se encontram com picos salpicados de neve. O Rifugio é o tipo de lugar onde o cappuccino vem acompanhado de uma vista que tira o fôlego. O luxo aqui não se mede em dourados ou mordomos de luvas brancas, mas sim numa esplanada banhada de sol, no ar puro das montanhas que desperta os sentidos melhor do que qualquer café e num chocolate quente tão rico que merecia a sua própria estrela Michelin.
Uma curta viagem a partir do Centro de Visitantes do Gran Paradiso leva-o ao Miradouro do Lago Serrù, onde os Alpes parecem encenar o seu próprio espetáculo. O lago, lá em baixo, reflete os picos recortados, os prados verdes e os brilhos glaciais, transformando cada olhar num momento de pura admiração. O miradouro é o local ideal para fazer uma pausa, esticar as pernas e deixar a paisagem falar por si. Pássaros descrevem voos coreografados, a brisa da montanha toca o rosto com suavidade e o reflexo do lago cria uma cena digna de qualquer filtro natural. Mesmo que a bateria da câmara acabe, os olhos sairão plenamente recompensados.
É hora de encerrar a sua aventura pelo Piemonte com o Passeio pela Vila de Ceresole Reale. A uma curta viagem do Lago Serrù, esta pequena joia alpina repousa aos pés das montanhas, oferecendo a combinação perfeita de tranquilidade, história e momentos de autêntico deslumbre.
Caminhe pelas ruas estreitas ladeadas por casas de madeira, entre em pequenas capelas e observe as fontes de pedra que há séculos parecem sussurrar histórias aos habitantes locais. Varandas floridas e detalhes artesanais tornam cada esquina digna de uma fotografia, enquanto os picos circundantes compõem um cenário final de cortar a respiração. Acrescente o som suave dos riachos e o canto ocasional de um pássaro alpino, e terá um grand finale multissensorial, feito de serenidade e encanto em doses iguais.
E assim, com o som dos passos sobre a calçada e as montanhas a erguerem-se acima de si, o roteiro de 5 dias pelo Piemonte encerra-se com elegância, deixando memórias tão nítidas quanto o ar alpino e tão vivas quanto as varandas floridas desta vila encantadora.
O Piemonte desfila com elegância no norte de Itália. As suas cidades dominam a arte de encantar sem esforço, oferecendo uma combinação rara de elegância, história e um toque de sofisticação discreta. Para além de um itinerário perfeitamente delineado, há um verdadeiro banquete de experiências que merecem um lugar no seu “bingo” de viagem. Seja pela arquitetura, natureza, cultura ou por um pouco de indulgência requintada, não faltam lugares para descobrir. Aqui estão algumas das joias imperdíveis que pode acrescentar à sua aventura pelo Piemonte:
Dizem que o Piemonte tem tudo. Mas aqui vai o segredo: a verdadeira magia também vive logo além das suas fronteiras. Bastam algumas horas de estrada (ou uma viagem de comboio panorâmica daquelas que fariam qualquer pendular invejar), e novos mundos abrem-se diante de si. Estas não são simples escapadinhas — são autênticos momentos de protagonista à espera de acontecer.
Há destinos que sussurram “só para adultos”, mas o Piemonte? É basicamente um parque de diversões com melhor vinho para os pais. Para além dos seus palácios elegantes e dos sítios classificados pela UNESCO, esta região sabe exatamente como entreter os mais pequenos — e não, não falamos daquele tipo de diversão que termina com o clássico “já chegámos?”. Aqui, há parques que parecem pequenos reinos e museus onde “tocar” não é proibido.
Há algo de especial no golfe no Piemonte. Talvez seja o modo como os Alpes se insinuam discretamente no horizonte, transformando cada tacada em algo digno de uma capa de revista. Aqui, o golfe não é apenas um desporto — é um ritual tranquilo, quase meditativo. Os campos estão esculpidos entre vinhas ondulantes, emoldurados por vilas medievais e desenhados com a dose certa de desafio para manter até os jogadores mais experientes atentos. É o tipo de lugar onde se abranda o passo entre buracos e se percebe que cada partida conta a sua própria história.
O Piemonte celebra as corridas de cavalos com uma paixão antiga. Esta região tem um verdadeiro caso de amor com as tradições equestres, combinando pistas elegantes, corridas cheias de adrenalina e um toque aristocrático. Famílias reúnem-se, os locais vibram e os cavalos… esses são as verdadeiras estrelas. Dos hipódromos históricos de Turim às pistas escondidas no campo, os hipódromos piemonteses são uma mistura perfeita de tradição, emoção e beleza. Eis alguns dos melhores lugares para sentir o galope:
O Piemonte é uma verdadeira carta de amor ao vinho. É o tipo de lugar onde o tempo abranda… e são os taninos que contam as histórias. Esta é a terra do Barolo, onde as uvas Nebbiolo reinam soberanas, a Barbera exibe o seu carácter próprio e o Moscato acrescenta um toque de leveza e brilho ao copo.
Ao contrário das rotas vinícolas mais concorridas de outras regiões, o Piemonte oferece uma experiência mais íntima e autêntica. Aqui, tudo gira em torno de entrar em elegantes propriedades familiares, conversar com enólogos que encaram o seu ofício como um legado e provar vinhos que não se limitam a acompanhar a comida — contam histórias, evocam memórias e fazem parte da paisagem.
Eis algumas das vinhas mais notáveis do Piemonte, que merecem um lugar na lista de qualquer amante de vinho:
O Piemonte é um verdadeiro paraíso para os viajantes — e um terreno sagrado para os amantes da boa mesa. Esta região do norte de Itália, já célebre pelos seus vinhos e pelas colinas cobertas de trufas, é também uma potência no panorama da alta gastronomia. Com 34 restaurantes estrelados Michelin, o Piemonte é o equivalente culinário de encontrar ouro — só que aqui o ouro vem na forma de risottos aveludados, amuse-bouches delicados e harmonizações com Barolo capazes de comover qualquer paladar. Aqui fica uma seleção de alguns dos restaurantes estrelados do Piemonte que merecem ser o ponto alto da sua viagem (e do seu apetite):
Há uma magia especial na cena gastronómica do Piemonte, uma daquelas que permanece muito depois da última garfada. Cada mesa conta uma história — de receitas familiares, de vinhas que se perdem no horizonte e de chefs que tratam os ingredientes com a mesma devoção que um artista dedica à sua obra. Aqui, as refeições não são apenas eventos, são regressos a casa.
As noites no Piemonte têm o seu próprio ritmo. Quando o sol se esconde atrás das vinhas e o som dos sinos dá lugar ao tilintar dos copos, a região revela um lado tão elegante quanto irreverente. Entre bares de cocktails com alma de cinema e wine bars onde “só mais um copo” se transforma facilmente em três, a vida noturna piemontesa sabe como encantar. Eis alguns dos melhores lugares para brindar, dançar e colecionar boas histórias.
Alguns destinos mostram a sua alma através da arquitetura. O Piemonte revela-a no aroma do café acabado de fazer. Aqui, os cafés são palcos sociais, rituais matinais e refúgios tranquilos onde o tempo abranda educadamente. Seja um café histórico frequentado por escritores ou um laboratório moderno onde os grãos são tratados como joias, a cultura cafeeira piemontesa encontra o equilíbrio perfeito entre tradição e inovação.
O outono no Piemonte não é apenas uma estação, é uma verdadeira história de amor vestida de tons dourados.
De setembro a novembro, a região transforma-se na sua forma mais encantadora. As vinhas ardem em tons de vermelho e cobre, as colinas brilham em nuances de âmbar e o ar cheira a madeira queimada e trufas frescas. O movimento do verão desaparece, deixando para trás ruas tranquilas, tardes longas e douradas, e paisagens que parecem suspensas no tempo.
É também a temporada das trufas, o que, convenhamos, é um grande acontecimento por aqui. A Feira Internacional da Trufa Branca de Alba chega como a estrela principal de um festival, atraindo amantes da gastronomia de todo o mundo. Chefs com estrelas Michelin afiavam as facas, vinicultores servem Barolo como se fosse poesia e os pratos chegam às mesas parecendo verdadeiras obras de arte. E, entre uma refeição e outra, há a paisagem — um espetáculo à parte. As manhãs surgem envoltas numa névoa suave que cobre as vinhas como seda, o sol da tarde filtra-se delicadamente e as noites pedem passeios tranquilos, copos a tilintar e conversas que duram mais do que o último gole de vinho.
Mas o Piemonte não adormece quando as folhas caem. A primavera chega com doçura, vestindo as vinhas de verde suave e espalhando flores silvestres pelas colinas. É a estação do renascimento — ideal para passeios de carro pelo campo, piqueniques entre vinhas e para ver as Langhe despertarem do seu sono de inverno.
Depois vem o inverno, quando as colinas douradas dão lugar a picos cobertos de branco. Os Alpes chamam com a sua serenidade nevada, e as estâncias de esqui em Sestriere ou Limone Piemonte oferecem o equilíbrio perfeito entre emoção e tranquilidade. As noites são feitas de lareiras acesas, vinhos encorpados e jantares que aquecem por dentro e por fora.
Independentemente da estação, o verdadeiro encanto do Piemonte está no seu ritmo. Faça uma caça às trufas com especialistas locais e os seus cães treinados, participe numa aula de culinária para aprender o segredo da pasta tajarin ou relaxe nas termas de Acqui Terme, onde o bem-estar se mistura com séculos de história. E, para sentir o batimento do quotidiano piemontês, perca-se no Mercado Porta Palazzo, em Turim — o maior mercado ao ar livre da Europa —, onde cores, aromas e vozes se misturam num bailado irresistível.
O outono pode ser o protagonista, mas cada estação desempenha o seu papel com graça. No fim das contas, o Piemonte é um espetáculo que nunca termina.