Verona não é apenas «aquela cidade com a varanda da Julieta». Nada disso. É um verdadeiro parque de diversões italiano, onde os romanos ergueram arenas grandes o suficiente para concertos ao estilo da Beyoncé, senhores medievais exibiram-se com castelos e enólogos aperfeiçoaram a arte do luxo em forma líquida. É elegante, um pouco atrevida e na medida certa de extravagante. É o tipo de lugar que nos faz questionar porque alguém a trataria apenas como uma excursão de um dia.
O que torna Verona especial é a sua capacidade de conciliar várias personalidades. Num instante está dentro de uma arena com 2.000 anos, que ainda poderia receber um espetáculo de rock, e no seguinte está a passear por praças ladeadas de palácios em tons pastel que parecem mergulhados em sabores de gelado. A cidade não lhe oferece apenas história; dá-lhe atitude. E há sempre um toque de tempero que faz cada passeio parecer digno da sua própria banda sonora.
E não esqueçamos as vistas. Quer subindo ao Castel San Pietro para um panorama digno de fundo de ecrã, quer passeando pelas margens do rio Adige enquanto as luzes se acendem nas pontes, Verona sabe como encenar momentos. Junte um vinho que merece ter o seu próprio clube de fãs e escapadelas até ao Lago de Garda ou a Valpolicella e não estará apenas a visitar. Estará praticamente a viver como um veronês honorário.
E porque uma cidade tão divertida merece mais do que uma rápida passagem, preparámos um roteiro sofisticado de 3 dias que lhe mostra o melhor de Verona. Sim, desde maravilhas antigas até refúgios em vinhedos.

Começamos em grande estilo na Piazza Bra, a maior e mais teatral praça de Verona. Pense nela como o tapete de boas-vindas da cidade, só que muito mais requintado. Aqui alinham-se palácios em tons pastel, cafés vibrantes e, como peça central, a Arena di Verona. O espaço pulsa vida, sendo em partes iguais um cenário teatral e um ponto de encontro social, onde a história e a vida moderna se misturam descontraidamente ao sabor de spritzes.
Para viajantes em busca de uma experiência de alto nível, a Piazza Bra oferece muito mais do que um simples passeio. Guias privados podem desvendar as camadas da história da praça, conduzindo-o a pátios escondidos e partilhando histórias que nunca chegam aos guias de viagem. Existem ainda circuitos pedestres de luxo que combinam a praça com paragens cuidadosamente selecionadas nos marcos mais icónicos de Verona — tudo sem a agitação dos grandes grupos turísticos.
Começar aqui é entrar em Verona com um toque de espetáculo. A Piazza Bra define o ritmo para os dias seguintes: ousada e grandiosa, sem pedir desculpa.
Da Piazza Bra, a próxima paragem não podia estar mais perto. Está praticamente a olhar para si. Basta dar alguns passos pela praça e lá está ela: a Arena de Verona, um anfiteatro romano que entretém plateias desde o século I. Esqueça ruínas em segundo plano para selfies; esta arena está viva, ainda hoje recebe concertos e óperas que enchem a casa tal como outrora os combates de gladiadores. Eis o que é ser relevante durante 2.000 anos.
E aqui vem a parte divertida: a Arena não se esconde. De dia, pode explorar os seus vastos arcos e subir às bancadas para desfrutar de vistas panorâmicas sobre a cidade. À noite, transforma-se num dos cenários de espetáculo mais dramáticos do mundo. Se viaja com estilo, esqueça os lugares no topo. Há visitas privadas que asseguram entrada antecipada, acesso aos bastidores e até lugares premium na temporada de ópera de verão, onde Verdi e Puccini ecoam sob as estrelas. É menos «quando em Roma» e mais «quando em Verona, eleve a sua experiência».
Da Arena, são cerca de dez minutos a pé pelas ruas empedradas de Verona até encontrar a próxima estrela: a Porta Borsari. À primeira vista, parece apenas um belo cenário envelhecido, mas este portão romano está de pé desde o século I. Tem vindo a acumular silenciosamente 2.000 anos de histórias, enquanto todos os outros passavam apressados. Dois andares de calcário branco, janelas em arco e inscrições fazem desta a entrada VIP de Verona.
O nome «Borsari» vem dos cobradores de impostos que aqui se instalavam, garantindo que os comerciantes pagavam as suas taxas antes de entrar na cidade. Em outras palavras, este era o cordão de veludo original de Verona, onde só entrava quem estivesse disposto a abrir a bolsa. Se procura luxo, pode reservar uma visita privada que, além da história, abre portas para ateliers escondidos, onde as melhores peças nunca chegam às montras.
Da Porta Borsari, são cerca de dez minutos a pé até ao endereço mais famoso de Verona: a Casa de Julieta. Sim, essa Julieta. O pátio do século XIV, com as suas janelas góticas e a varanda em pedra, tornou-se um local de peregrinação para amantes, sonhadores e todos os que, em algum momento, tiveram de decorar Shakespeare na escola.
Se os Capuletos realmente viveram aqui é irrelevante; a varanda atingiu estatuto de celebridade e, como qualquer estrela, sabe atrair multidões.
Mas para lá da varanda, a própria casa merece ser explorada. Restaurada no início do século XX, as suas salas estão decoradas com mobiliário e arte renascentista, transportando-o de volta à era dourada de Verona. No pátio, encontrará a lendária estátua de bronze de Julieta, com o peito direito polido pelo toque de incontáveis mãos em busca de «sorte no amor». E depois há o curioso Clube de Julieta, onde todos os anos chegam milhares de cartas dirigidas à heroína de ficção. Sim, pessoas reais escrevem a uma personagem em busca de conselhos sobre romance. Voluntários respondem às cartas, mantendo viva uma das tradições mais encantadoras de Verona.
Aqui pode escolher o seu nível de indulgência. A maioria dos visitantes tira uma foto rápida no pátio, talvez toque na estátua de Julieta para ter sorte (sim, isso existe). Mas, se procura algo mais exclusivo, visitas privadas podem garantir entrada antecipada e exclusiva, permitindo-lhe ficar no pátio antes que este se encha de fãs. Lá dentro, encontrará salas de época e exposições, incluindo a famosa varanda.
Ao sair da Casa de Julieta, uma curta caminhada de cinco minutos basta para Verona aumentar o volume. Caminha-se por ruelas estreitas, sai-se para a luz do sol e, de repente, estamos na Piazza delle Erbe.
Esta é a praça mais antiga da cidade e, francamente, o seu palco mais teatral. Já foi o Fórum Romano, onde mercadores negociavam, senadores conspiravam e as notícias corriam mais depressa do que a corrente do Tibre. A própria praça é um caleidoscópio: fachadas com frescos agarradas a palácios medievais, uma fonte barroca coroada pela Madonna Verona a vigiar atentamente e a Torre dei Lamberti erguendo-se como o ponto de exclamação de Verona. Os mercados espalham-se pelo empedrado com bancas que vendem de tudo: desde produtos frescos até recordações peculiares.
Da Piazza delle Erbe, são apenas dois minutos de caminhada pelo Arco della Costa até chegar à Piazza dei Signori.
Esta praça sempre foi sinónimo de poder. Senhores medievais, governadores venezianos, conselhos cívicos — todos deixaram aqui a sua marca. O espaço é cercado por palácios: o imponente Palazzo della Ragione, outrora tribunal; o Palazzo del Capitano, coroado pela sua torre dominante; a Loggia del Consiglio renascentista, onde os decisores públicos se reuniam; e a Domus Nova, a antiga casa dos juízes, com a sua fachada marcante e histórias escondidas sob a superfície. No centro, Dante ergue-se em mármore de Carrara, homenageado em 1865, lembrando que até os poetas exilados precisam de bons anfitriões. Verona foi um dos seus refúgios.
E aqui está a forma de aproveitar: visitas guiadas privadas que exploram os interiores dos palácios (quando abertos) e dão acesso a recantos ocultos dos edifícios. Há pátios, salas com frescos e pórticos que a maioria dos visitantes não chega a ver.
Da Piazza dei Signori, basta um minuto de passeio até Verona aumentar o drama. As Arche Scaligere erguem-se como cenários de pedra de uma ópera medieval. Imagine agulhas, baldaquinos e todo o esplendor gótico a vigiar os túmulos da família Della Scala, outrora os governantes todo-poderosos de Verona.
Os túmulos são descaradamente extravagantes. Baldaquinos góticos que disparam para o céu, estátuas equestres colocadas como pontos de exclamação triunfantes e grades em ferro forjado que mais parecem joias do que barreiras. Cada monumento conta uma história de poder, ambição e uma boa dose de vaidade — especialmente o de Cangrande I, cujo sarcófago se ergue bem acima da rua, como se nunca quisesse perder a conversa do dia.
Deixe para trás as ruelas estreitas e caminhe cerca de dez minutos para oeste até Verona lhe oferecer uma obra-prima em tijolo vermelho que parece saída diretamente de um caderno de esboços medieval.
A Ponte Scaligero, construída no século XIV por Cangrande II della Scala, não era uma simples passagem. Era parte rota de fuga, parte símbolo de estatuto. Hoje, é menos sobre escapar inimigos e mais sobre brilhar sob os holofotes.
Ao atravessá-la, repare nas muralhas ameadas: perfeitas para despertar o cavaleiro, o poeta ou o estratega que há em si. Os arcos elevam-se sobre o Adige, oferecendo ângulos cinematográficos do rio e do horizonte. E o detalhe mais marcante: a ponte foi destruída na Segunda Guerra Mundial, mas reconstruída pedra por pedra, como se fosse um «mic-drop» arquitetónico a dizer que Verona não se limita a recuperar — recupera com estilo.
Saindo da Ponte Scaligero, já lá está. O Castelvecchio, a fortaleza medieval de Verona transformada em tesouro de arte e história. Construído pela família Scalígera no século XIV, foi em tempos o seu bastião: parte castelo, parte fortaleza, parte demonstração de poder. Hoje, graças à brilhante restauração do arquiteto Carlo Scarpa no século XX, é um dos museus mais admirados de Itália. Aqui, torres góticas e fossos encontram pinturas renascentistas e esculturas românicas. É o encontro perfeito entre aço e seda, guerra e beleza.
No interior, a coleção é uma verdadeira constelação da arte italiana: obras de Pisanello, Mantegna, Bellini e Carpaccio adornam as galerias. Ao mesmo tempo, armaduras e armas medievais lembram que, afinal, este era um castelo construído para se defender. O design de Scarpa transforma o próprio museu em parte da experiência: passagens arejadas, inserções em vidro e vistas cuidadosamente enquadradas do rio Adige transformam cada recanto num momento curado. Até a iluminação de uma estátua parece intencional, como se Scarpa quisesse que parasse, refletisse e até aplaudisse.
Para fechar o dia, seguimos cerca de quinze minutos a nordeste ao longo do Adige. E aí encontra algo ainda mais antigo: o Teatro Romano, o antigo teatro ao ar livre de Verona. Construído no século I a.C., antecede a Arena e transmite uma atmosfera mais intimista.
Suba as escadas e terá não só vistas panorâmicas do Adige e da Ponte Pietra abaixo, mas também a sensação de que Verona lhe revela mais uma camada. O Museu Arqueológico, instalado no antigo convento acima do teatro, acrescenta uma dimensão extra. Prepare-se para se maravilhar com mosaicos, estátuas e fragmentos que outrora decoraram o próprio palco em que está a pisar. Ao cair do sol, a luz dourada sobre as bancadas de pedra faz deste local menos uma ruína e mais um anfiteatro vivo, pronto a entrar em cena.
Aqui a experiência ganha ainda mais vida: uma visita guiada de 45 minutos que não se limita a mostrar-lhe arcos de pedra e fileiras de assentos, mas explica como o teatro se transformou ao longo dos séculos — de espetáculos romanos sangrentos a torneios medievais e confrontos renascentistas. No topo, terá uma vista arrebatadora sobre a Piazza Bra (e o cenário perfeito para fotos), enquanto o guia partilha histórias que nunca encontrará nos painéis informativos.

Comece o segundo dia com uma curta viagem para fora do centro histórico. É lá que encontrará a Basílica de San Zeno Maggiore, uma das igrejas mais queridas da cidade e uma obra-prima da arquitetura românica. Os locais conhecem-na simplesmente como «San Zeno» e guardam-na no coração: é o local de repouso do santo padroeiro de Verona e o cenário de uma das lendas favoritas de Itália.
A fachada, por si só, já justifica a visita, uma das igrejas mais amadas da cidade e um ícone do românico. Para os veroneses, é simplesmente «San Zeno», o lugar onde repousa o santo padroeiro e que serve também de pano de fundo a uma das lendas mais queridas do país.
A cripta guarda ainda uma nota especial para os românticos: segundo a tradição, foi aqui que os amantes de Shakespeare (supostamente) se casaram. Verona adora esbater as fronteiras entre história e lenda — e San Zeno assume esse papel com orgulho.
Da Basílica de San Zeno, são cerca de dez minutos a pé para oeste até chegar a uma das joias mais subestimadas de Verona: a Porta Palio. Este arco triunfal, imponente e revestido a mármore, foi desenhado por ninguém menos que Michele Sanmicheli, o arquiteto do século XVI que transformou fortificações em obras de arte.
Ao contrário de outros portões da cidade, a Porta Palio impõe-se com seis arcos, misturando grandeza clássica com precisão militar. O nome vem da corrida de cavalos anual — o palio — que em tempos passava por aqui. É a prova de que Verona sempre soube criar espetáculos. A simetria é impressionante e, se recuar o suficiente, o portão parece menos uma estrutura defensiva e mais a fachada de um palácio ao ar livre.
E aqui entra o toque de luxo: passeios guiados privados destacam frequentemente a Porta Palio como parte de um percurso arquitetónico dedicado a Sanmicheli, ligando as suas várias obras pela cidade. Alguns tours sob medida chegam a oferecer acesso aos bastidores ou explicações especializadas sobre a engenharia do portão.
Atravesse para o lado oriental de Verona e, em cerca de vinte minutos a partir da Porta Palio (ou muito menos de carro), encontrará os Giardini Giusti.
Este tesouro verde remonta ao século XVI e há séculos encanta visitantes. Mozart e Goethe também passearam por aqui e, provavelmente, saíram mais inspirados do que quando entraram.
Os jardins são uma verdadeira lição de simetria: sebes cuidadosamente aparadas, caminhos ladeados por ciprestes, estátuas de mármore escondidas em recantos sombreados e terraços que revelam, a cada subida, novas vistas de cortar a respiração sobre os telhados cor de terracota de Verona. O nível inferior encanta com fontes e esculturas mitológicas, enquanto a subida recompensa com panoramas arrebatadores da cidade. Os ciprestes, altos e esguios, são praticamente a assinatura dos jardins — uma colunata natural criada pela própria paisagem.
Dos Giardini Giusti, são cerca de dez minutos a pé, atravessando o Adige pela Ponte Nuovo, até chegar à Basílica de Santa Anastasia, a maior igreja de Verona e um triunfo gótico que sabe como causar impacto.
Construída pelos dominicanos entre os séculos XIII e XV, Santa Anastasia é um estudo de detalhes. O interior é ladeado por capelas repletas de arte renascentista, mas os destaques são o fresco de Pisanello, «São Jorge e a Princesa», uma delicada fusão de cavalheirismo e cor, e as duas curiosas pias de água benta sustentadas por figuras corcundas — os gobbi — que parecem carregar o peso há séculos com silencioso humor. Colunas rosadas, pavimentos listados e abóbadas nervuradas infinitas dão ao espaço um ritmo que se aproxima mais da música do que da arquitetura.
A poucos passos a norte de Santa Anastasia encontra-se o coração espiritual de Verona: a Cattedrale di Santa Maria Matricolare, ou simplesmente Catedral de Verona. À primeira vista, a sua fachada românica pode parecer mais contida do que o gótico imponente de Santa Anastasia, mas não se deixe enganar — este é o centro religioso da cidade.
Ao entrar, a catedral revela a sua personalidade multifacetada. Altos arcos góticos erguem-se sobre a nave, enquanto a luz dourada se espalha pelas capelas ricas em decoração renascentista. A estrela do conjunto é a «Assunção da Virgem», de Ticiano, que brilha em cor e movimento no espaço do altar. É uma obra que ancora a identidade da catedral tanto quanto as suas paredes de pedra. Os pavimentos em mármore, as colunas riscadas e os delicados assentos do coro ecoam a paixão de Verona pelo ritmo e pela textura.
A catedral não é apenas um edifício; faz parte de um complexo que inclui o Batistério de San Giovanni in Fonte — célebre pela sua pia batismal octogonal esculpida a partir de um único bloco de mármore — e a Igreja de Sant’Elena, que guarda fragmentos das primeiras basílicas cristãs de Verona. Juntos, contam a longa história de fé, arte e arquitetura da cidade.
Da Catedral, atravesse a Ponte Pietra — a ponte mais antiga de Verona, reconstruída pedra por pedra após a Segunda Guerra Mundial — e inicie a subida (ou apanhe o funicular, se preferir elegância ao esforço) até ao Piazzale Castel San Pietro.
Embora a fortaleza em si não esteja aberta ao público, o piazzale tornou-se o local ideal para contemplar Verona num único olhar panorâmico. O final da tarde é especialmente mágico: a hora dourada transforma o rio em bronze líquido e a cidade num cenário digno da Verona de Shakespeare. Se ficar um pouco mais, verá o horizonte iluminar-se lentamente, com torres sineiras a brilhar como velas no crepúsculo.
Para viajantes que procuram exclusividade, é possível elevar a experiência com aperitivos privados ao pôr do sol no terraço, acompanhados de vinho Amarone e iguarias locais. Alguns roteiros curados também combinam a viagem de funicular com música ao vivo no topo.
Depois de absorver Verona do alto em Castel San Pietro, regresse ao coração da cidade para uma noite no Teatro Filarmonico.
O Filarmonico tem uma longa e dramática história. Construído originalmente no século XVIII pela Accademia Filarmonica (uma das mais antigas sociedades musicais do mundo), foi destruído nos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial e depois meticulosamente reconstruído. Hoje, acolhe uma programação rica em óperas, sinfonias e bailado. No interior, tudo exala sofisticação: cortinas de veludo vermelho, detalhes dourados e uma acústica tão clara que cada nota parece escrita apenas para si.
Depois de um dia repleto de obras-primas veronesas, abrande o ritmo com um passeio noturno pelo Passeio do Rio Adige.
O percurso serpenteia entre ciprestes, elegantes fachadas e algumas das pontes mais fotogénicas de Verona, desde a graciosa Ponte Pietra até à imponente Ponte Castelvecchio. Ouve-se o som suave da água, o murmúrio das conversas que escapam dos cafés ribeirinhos e, de tempos a tempos, o toque de um sino que marca a noite. É sereno, despreocupado e a milhas do bulício das praças durante o dia.
Os toques de luxo aqui podem incluir passeios privados noturnos guiados por especialistas locais, acompanhados de provas de vinho em enotecas escondidas ou até um passeio de barco privado pelo Adige, onde as luzes da cidade brilham sobre a água enquanto saboreia um Amarone. Alguns tours personalizados incluem até um fotógrafo que capta a luz dourada do seu passeio, para que leve consigo mais do que memórias. Terminar o Dia 2 aqui é a forma de Verona lhe dizer «boa noite» com suavidade, elegância e a dose certa de brilho.

O terceiro dia começa com uma das joias menos conhecidas de Verona: a Porta Leoni. Este portão romano mantém-se firme desde o século I a.C. e encontra-se, com naturalidade, numa esquina movimentada da cidade — meia fachada, meio sítio arqueológico, mas totalmente cheia de atitude. Outrora uma grandiosa entrada dupla guardada por torres, hoje é como se Verona piscasse o olho e dissesse: «Vês? Eu já era importante muito antes de Shakespeare aparecer por aqui.»
O que torna a Porta Leoni tão intrigante é a sua crueza. Não é um monumento polido, protegido por cordões de veludo; são paredes de pedra antigas que ainda espreitam sob as ruas modernas, camadas de história sobrepostas como o próprio cocktail geológico de Verona.
Da Porta Leoni, é apenas uma curta caminhada até um dos tesouros mais subestimados de Verona: o Museo Lapidario Maffeiano. Aberto em 1738, tem o orgulho de ser um dos primeiros museus públicos da Europa.
O museu é todo ele sobre pedra — mas não do tipo aborrecido. Aqui encontra inscrições romanas, etruscas e gregas, estelas esculpidas, sarcófagos e fragmentos que revelam como as pessoas viviam, choravam e celebravam há milhares de anos. Não é apenas uma coleção: é praticamente o «feed» social de Verona, talhado em pedra e congelado no tempo. No interior, centenas de inscrições estão expostas em arcadas e claustros arejados, organizadas com a precisão do Iluminismo. É como entrar no cérebro de um erudito do século XVIII: meticuloso, curioso e ambicioso. Algumas peças trazem dedicatórias pessoais que parecem surpreendentemente humanas, lembrando que, muito antes das hashtags, as pessoas já gravavam os seus nomes na história.
Para quem procura uma experiência exclusiva, há visitas privadas com historiadores de arte, que não só destacam a coleção, como também as raízes iluministas do museu. Alguns tours personalizados integram esta visita num roteiro temático de «Verona Intelectual», incluindo acesso privado a arquivos ou conversas com curadores contemporâneos.
Do Lapidario, são cerca de dez minutos de caminhada em direção ao Castelvecchio até encontrar a celebridade de pedra de Verona: o Arco dei Gavi. Construído no século I d.C. pela abastada família Gavia, é um verdadeiro manual de design romano.
Com colunas coríntias, proporções equilibradas e até uma Medusa esculpida para afastar maus presságios, é o tipo de estrutura que arquitetos renascentistas estudaram obsessivamente — Palladio incluído. Ao longo dos séculos, o arco viveu várias vidas: foi integrado nas muralhas da cidade, desmontado pelas tropas napoleónicas em 1805 e, finalmente, reconstruído nos anos 1930 como o puzzle mais sofisticado do mundo.
Deixando o Arco dei Gavi para trás, são cerca de doze minutos de caminhada pelo centro histórico até chegar ao Palazzo della Ragione.
Este edifício foi o cérebro e a espinha dorsal da cidade desde a Idade Média. Pense nele como uma câmara municipal que se cruza com um «coworking» renascentista — mas com muitos frescos e nada de Wi-Fi. Construído no século XII e reinventado ao longo do tempo, o Palazzo della Ragione guarda camadas da história de Verona no seu tijolo. A escadaria monumental, a Scala della Ragione, parece saída de um cenário shakespeariano. No interior, a Sala delle Capriate rouba a cena com as suas imponentes traves de madeira — um feito de engenharia medieval que é ao mesmo tempo rústico e majestoso. Hoje, acolhe exposições, mostrando que a história pode receber a modernidade sem perder o caráter.
Para quem não se contenta com o percurso turístico tradicional, há uma versão exclusiva: visitas privadas que revelam intrigas cívicas, leis medievais e histórias de patronato artístico. Alguns tours personalizados ligam o Palazzo a tesouros próximos como a Piazza delle Erbe e a Torre dei Lamberti, oferecendo uma imersão VIP no coração cívico e cultural de Verona.
Do Palazzo della Ragione, basta um minuto a pé até à Torre dei Lamberti. Esta torre medieval domina a Piazza delle Erbe e praticamente obriga a olhar para cima. Com 84 metros de altura, é a torre histórica mais alta de Verona, um sentinela que observa a cidade desde o século XII.
A construção começou por volta de 1172 e a torre enfrentou várias tempestades, literalmente. Um raio destruiu o topo em 1403 e a reconstrução, entre 1448 e 1464, acrescentou o campanário octogonal e mais altura. A mistura de tufo, tijolo e mármore posterior mostra as várias camadas da história — cada época deixou a sua marca. Pode chegar ao cimo subindo 368 degraus ou utilizando o elevador. Lá no alto, a recompensa é um panorama de 360 graus: telhados vermelhos, ruelas sinuosas do centro histórico, as praças delle Erbe e dei Signori aos seus pés e o Adige a serpentear pela cidade. Em dias claros, até os Monti Lessini se revelam ao longe.
Das alturas da Torre dei Lamberti, uma caminhada suave de dez minutos pelas ruelas leva-o ao grande final: a Ponte Pietra. E, convenhamos, haverá despedida mais poética do que uma ponte que acompanhou a cidade ao longo de mais de dois milénios de triunfos, tragédias e renascimentos?
Ao entardecer, a ponte transforma-se. O Adige corre por baixo como bronze líquido, as colinas de Castel San Pietro erguem-se ao fundo e o horizonte de Verona brilha com aquela luz que os diretores de fotografia passam a vida a tentar recriar. Fique quieto por um instante e ouvirá a cidade respirar mais calma, mais suave, mais lenta. É Verona a despedir-se, mas à italiana — onde até os adeus vêm envolvidos em beleza. Terminar a viagem aqui parece simplesmente certo.
Já passeou pelas arenas, beijou as paredes da varanda e brindou à beira do Adige. Mas Verona? Ah, ela ainda não terminou consigo. Vamos falar dos lugares que o levam para além do «caminho da lista de verificação» e o mergulham em experiências que fazem sentir como se Verona tivesse estendido um tapete de veludo só para si.
Aqui está o segredo: Verona não é apenas o cenário de Shakespeare ou um anfiteatro romano com acústica de classe mundial. É também incrivelmente bem localizada. Veneza? A cerca de uma hora. Lago de Garda? Menos de 30 minutos. Região vinícola de Valpolicella? Praticamente à porta. Em outras palavras, Verona é aquele amigo que não só organiza a festa, como também sabe onde é a «after-party». Aperte o cinto: aqui estão os lugares onde Verona o convida a escapar com estilo.
Verona não é apenas para amantes apaixonados ou apreciadores de vinho. A cidade também sabe como entreter os mais pequenos. De museus interativos a parques verdes e recantos históricos curiosos, Verona é, basicamente, um enorme parque infantil envolto em calçada e história.
Verona tem ópera, romance e anfiteatros romanos, mas também sabe proporcionar uma excelente partida de golfe. É daqueles lugares onde pode passar a manhã a dar tacadas entre colinas ladeadas de ciprestes e a tarde a saborear um Amarone numa villa. Eis os campos onde os fairways se encontram com a dolce vita.
Vamos esclarecer desde já: Verona não tem um hipódromo tradicional onde se aposta nos cavalos ou se assistem a puro-sangues a galopar numa reta. Não é esse o espírito da cidade. O que Verona tem, no entanto, é uma forte cultura equestre. Pense menos em linhas de chegada e mais em espetáculos com cavalos.
Verona é um verdadeiro parque de diversões para o paladar, onde chefs distinguidos pelo Guia Michelin transformam comida em arte. Quer seja um gourmet em busca de excelência ou apenas alguém que adora a emoção de provar o melhor, estes restaurantes tornarão a sua estadia inesquecível.
Nem todas as refeições inesquecíveis precisam de uma constelação de estrelas; algumas só precisam de paixão, herança e um talento especial para o sabor. Verona está repleta de restaurantes que o levam desde os clássicos grelhados italianos até às especiarias peruanas e caris indianos cheios de vida. Eis uma seleção de restaurantes que tornam a cena gastronómica da cidade tão vibrante quanto as suas piazzas.
De dia, Verona é Shakespeare, praças e ruínas romanas. Mas quando o sol se põe e as ruas brilham sob a luz dos candeeiros, a cidade muda de ritmo — do romântico para o elétrico. Verona não é apenas ópera e vinho: a sua vida noturna é um cocktail de bebidas de autor, recantos escondidos e locais noturnos que sabem manter a festa viva.
Aqui, o café é menos uma bebida e mais um ritual: espressos rápidos ao balcão, longas tardes com cappuccinos e pastelaria que poderia convencer qualquer um de que a felicidade vem polvilhada de açúcar. Quer procure um latte digno do Instagram, um café centenário cheio de charme ou apenas um recanto acolhedor para observar as pessoas, a cena cafeeira de Verona tem sempre uma mesa à sua espera.
Se Romeu e Julieta nos ensinaram alguma coisa, é que o tempo é tudo.
E quando se trata de Verona, escolher a estação certa faz toda a diferença entre um romance arrebatador e… bem, derreter-se no seu gelado.
Em Verona, a estação que verdadeiramente rouba a cena é a primavera. De abril a junho, a cidade ganha vida como se estivesse a vestir o seu melhor traje só para si. A glicínia escala os arcos de pedra, os cafés expandem-se para as praças banhadas de sol e o Adige cintila com aquele tom perfeito de ouro primaveril italiano. O clima é indulgente: suficientemente quente para um Aperol Spritz na Piazza delle Erbe, mas fresco o bastante para vaguear pelas ruas de calçada sem se transformar numa poça de arrependimento. É também nesta altura que a Arena se prepara para a sua mundialmente famosa temporada de ópera. Sentar-se sob as estrelas, num anfiteatro romano que existe há mais tempo do que o próprio Shakespeare, enquanto as notas de Verdi ecoam no céu noturno? Isso não é apenas uma saída à noite, é Verona a fazer uma grandiosa declaração de amor. E acredite, resulta melhor do que qualquer cena de varanda.
A primavera também significa menos multidões em comparação com a invasão de verão. Terá mais espaço para respirar no pátio de Julieta, mais tempo para se demorar nas basílicas e filas mais curtas para satisfazer o desejo de gelado (e sejamos honestos, gelado é prioridade). Acrescente a isto as excursões ao vizinho Lago de Garda ou às ondulantes vinhas de Valpolicella, onde a primavera traz explosões de verde fresco, e tem a estação perfeita que equilibra cultura, conforto e um toque de luxo.
Sim, Verona é sempre bela, mas na primavera? Na primavera, a cidade flerta consigo descaradamente. É romance sem drama e com a dose certa de magia para o fazer acreditar que Julieta ainda poderá estar naquela varanda. Na primavera, Verona vai conquistá-lo sem esforço.