Algumas linhas ferroviárias ligam cidades. Esta liga-o ao céu.
A Jungfraubahn não está aqui para passear por campos nem para passar a assobiar
por aldeias sonolentas — é a escada rolante alpina para os céus. Avança pelo
interior das imponentes montanhas Eiger e Mönch como um verdadeiro chefe. Se as
montanhas tivessem paredes, este comboio seria o derradeiro alpinista.
Foi construída por um grupo de audazes armados com dinamite e sonhos no final
do século XIX. A Jungfraubahn sobe implacavelmente até alcançar o “Topo da
Europa”, a estação ferroviária mais alta da Europa, majestosa a 3.454 metros
acima do nível do mar. É alto o suficiente para fazer os seus pulmões
suspirarem e a sua câmara implorar por misericórdia.
Isto não é apenas transporte. É uma epopeia montanhosa. Uma história de
superação em aço. Uma carta de amor em altitude à engenharia suíça.
É dramático. É vertiginoso. É gloriosamente desnecessário da melhor forma
possível. Porque ninguém precisa de um comboio a perfurar uma parede alpina de
rocha e gelo, mas todos merecem andar nele pelo menos uma vez na vida. Esta é a
Jungfraubahn, onde os trilhos encontram o céu.
Antes de sequer pensar em subir montanhas, precisa de uma boa plataforma de lançamento — e Interlaken Ost é exatamente isso. Está aninhada entre dois lagos cintilantes (o Lago Thun e o Lago Brienz, ambos prontos para o seu feed do Instagram). O nome diz tudo: “Entre lagos”. É como o lounge de luxo da Suíça entre duas jóias líquidas. E antes de embarcar na Jungfraubahn, mime-se com um pouco de sabor local.
Comece com um passeio pela promenade Hoheweg. É onde os vasos de flores florescem com mais cores do que uma caixa de chocolates suíços, e a montanha Jungfrau vigia como um estoico gigante alpino. A rua está salpicada de boutiques encantadoras, cafés elegantes e hotéis históricos que exalam glamour do velho mundo.
Os amantes de arte também vão adorar a sua estadia aqui. Não perca o Kunsthaus Interlaken, uma joia escondida onde a arte contemporânea suíça ganha um foco digno das montanhas. É como um lounge alpino chique para os seus olhos. É pequeno o suficiente para parecer íntimo, mas grande o suficiente para surpreendê-lo com criações ousadas e frescas que o farão pensar: “A Suíça não é só queijos e relógios, hein?”
Quando a fome apertar depois de um dia de aventuras alpinas, rume até ao Restaurant Schuh. Este café serve pratos tradicionais suíços com um toque gourmet. Pense em rösti robusto coberto com queijo derretido tão bom que devia ter o seu próprio clube de fãs, peixe fresco do Lago Thun e veado tenro que o fará trautear “Suíça-lá-lá-lá” pela noite fora.
E se planeia passar a noite na cidade, o Victoria-Jungfrau Grand Hotel & Spa é o seu refúgio de luxo absoluto. Imagine quartos sumptuosos com vistas montanhosas que tornam o acordar um privilégio, refeições com estrela Michelin que transformam o jantar num evento e um spa que dissolve cada grama da fadiga de viagem.
O comboio de Interlaken para Lauterbrunnen é uma viagem curta, mas doce.
Assim que chega a Lauterbrunnen, verá o vislumbre do “Vale das 72 Cascatas” da
Suíça.
Este lugar é a Mãe Natureza a exibir-se no seu melhor domingo. Imagine falésias
a despejar água como confetis, prados verdejantes salpicados de chalés e um ar
montanhoso fresco que renova a alma no instante.
Amantes de caminhadas, alegrem-se! O Trilho do Vale de Lauterbrunnen leva-o por um passeio cénico ao lado de algumas das mais altas cascatas da Europa, incluindo as icónicas Cascatas de Staubbach. É uma queda vertical de quase 300 metros — a VIP das cascatas. Traga a câmara, porque cada ângulo é uma obra-prima à espera de acontecer. E se precisar de uma pausa, sente-se num dos chalés tradicionais do vale, saboreie um chá de ervas local e deixe que o som reconfortante das quedas de água seja a sua banda sonora.
Pronto para mimar o paladar? O restaurante do Hotel Staubbach serve clássicos suíços robustos que sabem a um abraço quente. Imagine fondue de queijo cremoso e cordeiro tenro no ponto. As vistas? Digamos apenas que fazem o queijo derreter ainda mais depressa. Mas não fique por aí. Acompanhe a sua refeição com um copo de vinho branco suíço crocante ou um encorpado Pinot Noir local.
Quando os seus pés tocarem o chão, retire-se para locais como o Romantik Hotel Schweizerhof. Este é um santuário cinco estrelas onde a tradição suíça e o luxo moderno dançam juntos como uma Edelweiss ao vento. Aqui, tem acesso a vistas de tirar o fôlego sobre as 72 cascatas do Vale de Lauterbrunnen. Em termos de localização? O Schweizerhof está bem no coração da vila, tornando-se na base ideal para explorar as ruas dignas de postal de Lauterbrunnen e as suas lojas encantadoras.
Deixando para trás a azáfama do vale de Lauterbrunnen, o comboio sobe suavemente até Wengen. Mas aqui está a reviravolta: Wengen é completamente livre de carros. É isso mesmo — sem buzinas, sem engarrafamentos. Apenas o som dos chocalhos das vacas, gargalhadas e o apito ocasional do comboio.
Wengen não é apenas uma cara bonita — é a porta de entrada para alguns dos melhores trilhos do Oberland Bernês. Calce as botas de caminhada e siga pelo trilho até Männlichen. E se quiser algo mais dramático, apanhe o teleférico Wengen–Männlichen Aerial Cableway, que o levará até ao topo da montanha em minutos. A partir daí, siga o Royal Walk — um caminho curto mas espetacular ao longo da crista, que conduz a um miradouro em forma de coroa com vistas panorâmicas sobre o Eiger, Mönch e Jungfrau.
Se quiser um pouco mais de história, pode visitar o Museu de Wengen.
Pense nele como a versão local do “throwback Thursday” de Wengen. Desde
equipamento de esqui antigo que o fará agradecer pelas fixações modernas, até
fotografias desbotadas de cantores tiroleses que claramente sabiam animar uma
plateia, o museu serve nostalgia em doses bem curadas. E sejamos honestos:
entre os chocalhos, as cremalheiras e os teleféricos, provavelmente já se
apaixonou por esta vila. Mas o museu acrescenta aquela camada final de ligação.
Quando a fome apertar, Wengen sabe como responder ao apelo. O restaurante
Alpenkräuter Bären é um paraíso bistronómico que leva o conceito “da quinta
para a mesa” a novas alturas. Literalmente. Ao infundir cada prato com ervas
alpinas colhidas à mão e uma pitada de magia da montanha. Mas não é só pela
comida. O ambiente é também uma razão para visitar este espaço, especialmente
porque oferece aos comensais um lugar na primeira fila para admirar o Oberland
Bernês.
E se está a pensar ficar por aqui uma ou duas noites, o Hotel Regina destaca-se claramente. Esta beldade do baile do Oberland Bernês encanta hóspedes desde 1894 e, honestamente? Continua a ter o seu charme. Tetos altos, escadas rangentes (no bom sentido) e vistas tão majestosas que fazem os filtros do Instagram parecerem inúteis. No interior, há um piano bar grandioso onde o jazz suave e cocktails arrojados ecoam noite dentro, e uma lareira crepitante que já viu mais confissões românticas do que um romance do Nicholas Sparks.
Ah, e não nos esqueçamos — todos os invernos, Wengen transforma-se na versão real do Velocidade Furiosa: Deriva Alpina, com a lendária Taça do Mundo de Esqui de Lauberhorn, realizada nas pistas da área de esqui Grindelwald–Wengen. Esta é a corrida de downhill mais longa do planeta. Imagine esquiadores a descer encostas tão íngremes e rápidas que fariam até o Sonic corar de inveja. É um duelo de cortar a respiração onde só os mais destemidos sobrevivem.
De Wengen, sobe-se lentamente em direção a Kleine Scheidegg. As vistas passam de “Uau” para “Será que ainda estamos na Terra?” Quando o comboio chega a Kleine Scheidegg, estará entre o Eiger e o Lauberhorn, a mais de 2.000 metros acima do nível do mar.
Este lugar é a porta de entrada para algumas das caminhadas mais icónicas da Suíça. Apetece-lhe um passeio com direito a se gabar? Experimente o trilho panorâmico até Männlichen. É uma caminhada relativamente fácil com vistas de milhões de francos (inflação, querido), onde os três picos famosos brincam às escondidas no fundo da paisagem. É o tipo de passeio que o faz acreditar na magia das montanhas… ou pelo menos em expandir o armazenamento do seu telemóvel.
Com fome? Claro que está. A altitude queima calorias e exige hidratos.
Felizmente, o Berghaus Kleine Scheidegg tem energia alpina para dar e vender.
Sente-se junto à janela e tente não deixar cair o garfo quando o Eiger lhe
piscar o olho. (Acontece.)
E se teve a brilhante ideia de pernoitar, então Kleine Scheidegg tem tudo
preparado. Reserve um quarto no Hotel Bellevue des Alpes, a grande dama de
Kleine Scheidegg. Este hotel do século XIX é tão encantador que até os
fantasmas usam gravatas. O Bellevue des Alpes é gerido por uma família e quase
inteiramente livre de carros. A sua bagagem chega de comboio, e você chega por…
puro deslumbramento.
Solte o seu lenço de seda, querido, porque está prestes a subir para
além do sétimo céu. À medida que o comboio sobe para além de Kleine Scheidegg,
está a entrar noutra dimensão.
E depois… boom. Jungfraujoch. O Topo da Europa.
Antes mesmo de gritar “Estou no topo do mundo!”, faça um desvio ainda mais
alto. Apanhe o elevador que o leva a toda a velocidade até ao Observatório
Sphinx. Esta é uma das plataformas de observação mais altas do mundo. A 3.571
metros acima do nível do mar, está praticamente a escutar as estrelas.
E já que falamos de estrelas, saiam da frente, Hollywood — o Glaciar
Aletsch é o verdadeiro protagonista. Estende-se por mais de 22 quilómetros e é
o glaciar mais longo dos Alpes. Caminhar ao longo do glaciar é como entrar num
documentário da National Geographic. Pode fazer uma visita guiada por este
gigante gelado, pisando camadas antigas de neve que já sobreviveram a dinastias
e modas.
Ah, e já dissemos? Está num Património Mundial da UNESCO. A região
Jungfrau-Aletsch recebeu esta distinção em 2001 por ser a zona mais
glaciarizada dos Alpes. Basicamente, é o planeta a mostrar o que vale.
E quando pensava que Jungfraujoch não podia ficar mais geladamente épico, bam, entra no Palácio de Gelo. Esculpido no coração do glaciar, este labirinto cintilante de túneis gelados e instalações artísticas congeladas faz parecer que entrou numa bola de neve.
Jungfraujoch não é só sobre gelo com séculos de existência — o chocolate
também é eterno neste lugar. E na Lindt Swiss Chocolate Heaven, é uma
experiência espiritual para quem já disse “Só mais um quadradinho”. Pode
assistir a demonstrações ao vivo de chocolatiers que usam espátulas como
verdadeiros feiticeiros. Como diz o velho ditado: “Uma festa sem chocolate é só
uma reunião.” Felizmente, esta loja é o lounge VIP do seu paladar.
E quando for hora de dormir, desça até ao Hotel Glacier em Grindelwald, apenas
uma viagem cénica de comboio desde Jungfraujoch. Este hotel boutique é o que
acontece quando o design minimalista dá match com vistas de montanha. É como um
quadro do Pinterest tornado realidade, mas com serviço de quartos a sério.
Pense na Jungfraubahn não como uma viagem de comboio, mas como um flirt
com o céu. É curta, doce e sedutoramente íngreme.
De Kleine Scheidegg até Jungfraujoch – Topo da Europa, o percurso total leva
cerca de 35 minutos. Sim, 35. É mais curto do que um episódio de Bridgerton e,
de alguma forma, duas vezes mais escaldante. A viagem pode ser breve, mas
leva-o por uma paisagem que muda o mundo. A grande surpresa? Grande parte do
percurso faz-se por dentro do Eiger e do Mönch, através de túneis escavados
diretamente na rocha. Há algo de poeticamente estranho em estar embalado no
ventre de gigantes.
Embora tecnicamente possa fazer a viagem, tirar uma selfie no topo e estar de
volta a tempo do fondue ao almoço, isso seria um erro de principiante. O
Jungfraujoch é uma experiência que merece mais do que um simples “já fui lá”. A
maioria dos viajantes permanece pelo menos 2 a 3 horas e, honestamente? Ainda
assim mal arranha a superfície. Não vai querer apressar esta viagem. É daquelas
que se entranham nos ossos, no rolo da câmara e talvez até no seu diário, se
for do tipo sentimental.
Pronto para embarcar no “comboio para o topo do mundo”? A Jungfraubahn
funciona como um relógio suíço, a cada hora desde as 8h da manhã até ao início
da tarde, todos os dias do ano. É como a versão suíça de um amigo pontual que
nunca falha.
Mas aqui está a reviravolta: a viagem em si é apenas metade da história. Antes
de gastar os seus preciosos francos, consulte as câmaras meteorológicas em
jungfrau.ch. Porque não vale a pena pagar um prémio se as vistas decidirem
brincar às escondidas por detrás de um manto espesso de nevoeiro suíço.
E já que falamos em francos, vamos aos bilhetes. Uma viagem de ida e volta
desde Interlaken Ost custa cerca de CHF 224. Desde Grindelwald, poupa um pouco,
com tarifas perto dos CHF 208. Sim, não é o bilhete mais barato da cidade, mas
veja bem — esta viagem leva-o até à estação ferroviária mais alta da Europa.
Não paga só pelo transporte; paga pelo direito de se gabar e por ouro para o
Instagram.
E para os madrugadores: o Good Morning Ticket é o seu bilhete dourado
(literalmente). Disponível de maio a outubro, dá-lhe um desconto se apanhar um
dos primeiros comboios e descer antes do início da tarde.